Maria Eduarda Guimarães
Uma Restauração Ambiental é considerada bem sucedida quando a floresta restaurada torna-se um ambiente funcional, sustentável e perpétuo no tempo, atingindo um estado de equilíbrio dinâmico. Para tanto, é necessário que o planejamento da restauração de uma área degradada leve em consideração todos os aspectos envolvidos na dinâmica florestal, de modo que seja garantida sua integridade, manutenção e continuidade com o passar dos anos. Dentro desse contexto, cabe destacar a importância do entendimento da sucessão ecológica para construção de boas práticas no processo de restauração.
O que é sucessão ecológica?
A sucessão ecológica é um dos assuntos mais estudados em ecologia, trata-se de um processo ordenado de mudanças no ecossistema, dado pelo estabelecimento e desenvolvimento de espécies que culminam na substituição da vegetação nativa até atingir um equilíbrio ecológico, retratado por um ecossistema persistente. Nesse sentido, toda floresta passa por uma sequência de fases até esse equilíbrio, denominado clímax, as quais podem ser divididas em três: a fase de clareira, na qual a vegetação encontra-se em estado juvenil, contendo mudas e árvores jovens, com seu crescimento, essa floresta entra na fase de construção, na qual ainda está no estado jovem, amadurecendo através de um crescimento contínuo até chegar na fase madura, com formação de seu clímax em um nível elevado de desenvolvimento.
A ocorrência desse ciclo de fases caracteriza uma constante mudança no dossel - cobertura superior formada pela copa das árvores - de uma floresta à medida que as árvores crescem, morrem e outras árvores as substituem, entretanto, isso não ocorre de forma homogênea por toda a extensão da floresta, haja visto que, a interferência de fatores de influência, como a interferência humana ou alterações climáticas, no ambiente culminam em diferente resultados finais, ou seja, diferentes caminhos da sucessão e estados de climax, sendo toda floresta constituída por um mosaico de fases, que ocorrem simultaneamente por toda extensão do ecossistema.
Como isso se aplica dentro do planejamento da restauração? -
Visto isso, uma das maneiras de implementar esse conceito dentro da restauração é contemplar a ideia de que o plantio de árvores nativas regionais deve ser fundamentado na sucessão florestal. Seguindo essa concepção, as espécies florestais podem ser classificadas em grupos sucessionais, os quais apresentam exigências e características biológicas diferenciadas, de forma simplificada são eles compostos pelas espécies pioneiras, secundárias e clímax. As pioneiras são aquelas de crescimento rápido, com ciclo de vida curto e produção numerosa de sementes, utilizadas para rápida cobertura e formação de uma fisionomia florestal; as secundárias são espécies intermediárias na sucessão, tem crescimento mais lento, conseguem se desenvolver na sombra e possuem ciclo de vida mais longo que o das pioneiras; no fim dos estágios sucessionais encontram-se as espécies clímax, de crescimento lento, menor produção de sementes, tolerância à sombra e constituem comunidades de maior diversidade de espécies e menor densidade populacional. Dessa forma, de acordo com essa divisão, todo o plantio deve ser construído para que a sucessão dessas árvores respeite as condições características da dinâmica ecológica de florestas.
Portanto, para obter sucesso na restauração, o planejamento é etapa chave que deve levar em consideração os conceitos intrínsecos à sucessão ecológica, aplicando métodos e técnicas adequadas para que a intervenção antrópica sirva como auxílio para os processos naturais que ocorrem dentro da dinâmica florestal. Assim, ao entender os conceitos acima e como aplicá-los, é possível garantir bom desenvolvimento e perpetuação da floresta a ser formada.
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BIBLIOGRAFIA:
RODRIGUES, Ricardo Ribeiro; BRANCALION, Pedro H. Santini. Pacto pela restauração da mata atlântica: referencial dos conceitos e ações da restauração florestal. São Paulo : LERF/ESALQ : Instituto BioAtlântica, 2009. 256p. Disponível em: <http://www.lerf.esalq.usp.br/divulgacao/produzidos/livros/pacto2009.pdf>
MIRANDA, Jean Carlos. Sucessão Ecológia: conceitos, modelos e perspectivas. Revista Saúde e Biologia, v.4, n.1, p. 31-37. jan./jun. 2009. Disponível em: <https://revista2.grupointegrado.br/revista/index.php/sabios/article/view/145/235>.
MATTHES, Luiz Antonio Ferraz; MARTINS, Fernando Roberto. Conceitos em Sucessão Ecológica. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, v.2, n.2, p.19-32. Campinas, 1996.
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